Como avaliar a qualidade da Educação Infantil na sua escola ??





Conheça mais sobre instrumentos que medem a qualidade dessa etapa de ensino e saiba como aplicar uma autoavaliação em sua escola

Ticiane Maria de Sousa Silva
26 de Setembro de 2019

Em 2019, o Ministério da Educação (MEC) aplicará pela primeira vez o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) para turmas de Educação Infantil. A iniciativa de avaliar a qualidade dessa etapa não é isolada. No final do primeiro semestre deste ano, a secretaria da Educação de Sobral (CE) incentivou que todos os espaços de atendimento à Educação Infantil realizem uma avaliação à luz dos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil, disponibilizados pelo MEC.

Os Indicadores são um instrumento de autoavaliação de creches e pré-escolas que considera aspectos fundamentais para a qualidade das instituições de Educação Infantil. São sete dimensões avaliadas que têm o objetivo de ampliar a visão sobre o trabalho com os pequenos:

1) Planejamento institucional;  
2) Multiplicidade de experiências e linguagens;
3) Interações;
4) Promoção da saúde;
5) Espaços, materiais e mobiliários;
6) Formação e condição de trabalho das professoras e demais profissionais;
7) Cooperação e troca com as famílias e participação na rede de proteção social.

Cada uma das dimensões se desdobra em indicadores mensurados por meio de um conjunto de perguntas que devem ser respondidas pela comunidade escolar. Entre as questões abordadas estão: a instituição tem uma proposta pedagógica em forma de documento, conhecida por todos? Cada professora faz registros sobre as brincadeiras, vivências, produções e aprendizagens de cada criança e do grupo? As professoras atendem de imediato as crianças em suas necessidades fisiológicas, com aceitação e acolhimento? Todas as perguntas para realizar a autoavaliação estão no documento disponibilizado pelo MEC, que você pode acessar clicando aqui.

Como nos organizamos para aplicar a autoavaliação
A proposta é que a autoavaliação não fique concentrada na gestão escolar. A premissa é de quanto mais pessoas se envolverem na qualidade desta etapa de ensino, maiores são os ganhos para os pequenos. Em nossa avaliação estavam presentes a diretora, coordenadores, professores, auxiliares de serviços educacionais e de serviços gerais, merendeira, estagiários e também algumas mães. Iniciamos nosso encontro com a explicação da proposta de avaliar a qualidade da Educação Infantil. Essa apresentação da proposta foi feita pelas coordenadoras pedagógicas e incluiu não só esclarecer a finalidade do encontro, mas também explorou de que forma poderíamos nos avaliar por meio dos Indicadores.

Após a explicação geral, os participantes dividiram-se em sete grupos, sendo cada um dos grupos responsável por discutir uma das dimensões contempladas na avaliação. Misturamos professores, estagiários, auxiliares, mães e pessoas da equipe administrativa com a finalidade de permitir a pluralidade de olhares sobre os tópicos avaliados e ampliar as discussões. A equipe gestora circulou nos grupos para dar apoio quando necessário, bem como para esclarecer possíveis dúvidas.

Para começar a autoavaliação, propomos que todos lessem o texto introdutório do documento Indicadores da Qualidade na Educação Infantil respectivo à dimensão a ser trabalhada pelo grupo. Em seguida, as equipes discutiram como a nossa unidade escolar se encontrava diante das perguntas relacionadas ao indicador. Após chegarem a um consenso, foi a hora de avaliar cada um dos pontos: aqueles classificados como bons, foram marcados com a cor verde; os que necessitavam atenção, de amarelo; e de vermelho, os que não eram adequados.

Com a avaliação feita, era hora de socializar com todos os participantes as considerações de cada um dos grupos. Além de ouvir a avaliação dos colegas, os participantes foram convidados a opinar e propor sugestões e adaptações, caso não concordassem com a avaliação feita. Foi um momento muito rico de contribuições que foram anotadas para, posteriormente, serem utilizadas na elaboração de um plano de ação, com indicador, problemas, ações, responsáveis e prazo para executar a ação.

Dentre o que ficou planejado no plano de ação, apresentamos alguns pontos acordados. Entre eles, estavam a criação de um quadro expositor da proposta pedagógica (embora o documento tenha sido feito coletivamente e cada professor tenha uma cópia, ele não estava em local visível para toda a comunidade); organização de um seminário interno sobre inclusão; ampliação da quantidade e tempo de atividades realizadas ao ar livre; e qualificação do planejamento do professor visando ampliar a autonomia das crianças em suas escolhas. 

Para que o plano possa de fato ser efetivado, é preciso empenho e dedicação de todos os responsáveis. Afinal, a democracia exige tanto o direito de falar, quanto o compromisso nas ações decididas coletivamente. É atuando juntos que fazemos a diferença.

Avaliando a ação
Durante a realização das atividades de avaliação em grupos, era visível o envolvimento e participação de todos. Ficou evidente o quanto este tipo de avaliação nos permitiu olhar para nós mesmos enquanto instituição e a qualificar nossas ações.

Avaliar é um ato de extremo significado. E, quando se trata de avaliar na Educação Infantil, a responsabilidade é muito grande. Isso porque não se pode olhar apenas para a criança, mas é necessário também olhar para os processos. Acredita-se que quando se permite este olhar – não para dizer o que é certo ou errado, mas para perceber o que se fez de bom e o que ainda se pode fazer para melhorar –, estamos qualificando nossa prática e, consequentemente, a aprendizagem e desenvolvimento dos pequenos de forma integral, com a garantia de todos os seus direitos.

É importante ressaltar o quanto este tipo de avaliação é relevante e necessária. Nela, diretor, coordenador, professor, equipe da cozinha e limpeza, familiares, enfim, todos que têm relação com as crianças, são avaliados e, portanto, têm a possibilidade de melhorar suas práticas. 

A avaliação à luz dos Indicadores da Qualidade na Educação Infantil nos permitiu um olhar refinado e a realização de um bom plano de ação, que contemplasse as necessidades identificadas por toda a nossa comunidade escolar. A partir dela, nos comprometemos mais ainda com a qualidade na Educação Infantil.

Ticiane Maria de Sousa Silva é diretora de Centro de Educação Infantil Dolores Lustosa, em Sobral (CE), e professora visitante Programa Nacional de Formação de Professores da Educação Básica (PARFOR) pela Universidade Estadual Vale do Acaraú, mesma instituição em que se formou em Pedagogia. É especialista em Gestão Escolar e em Educação Infantil pela Universidade Federal do Ceará. Já atuou como professora, foi coordenadora pedagógica e também membro do Conselho Municipal de Educação de Sobral.





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