Conheça o Soroban: uma calculadora para pessoas com deficiência visual.![]() Introdução. Soroban é o nome dado ao ábaco japonês, que consiste em um instrumento de cálculo surgido na china há cerca de quatro séculos. A escrita em kanji (ideogramas) é idêntica à chinesa, sendo inclusive a pronúncia uma aproximação à original chinesa. Ábaco é o nome genérico atribuído aos contadores em geral. Além dos modelos japonêses antigo e moderno, existem o chinês (suan pan), o romano (abacus), o grego (abax), o azteca (nepohualtzitzin), o russo etc. O soroban começou como um simples instrumento onde eram registrados valores e realizadas operações de soma e subtração. Posteriormente foram desenvolvidas técnicas de multiplicação e divisão. Atualmente já são conhecidas técnicas para extração de raízes (quadrada e cúbica), trabalho com horas, minutos e segundos, conversão de pesos e medidas. No soroban podemos operar com números inteiros, decimais e negativos. O objetivo do uso do Soroban é Realizar contas com rapidez e perfeição, buscando alcançar o resultado sem desperdícios. Ele ajuda a desenvolver concentração, atenção, memorização, percepção, coordenação motora e cálculo mental, principalmente porque o praticante é o responsável pelos cálculos, não o instrumento. A prática do soroban possibilita realizar cálculos em meio concreto, aumenta a compreensão dos procedimentos envolvidos e exercita a mente. Como o soroban chegou ao Brasil.
O primeiro divulgador de shuzan, a arte de calcular com o soroban, foi o professor Fukutaro Kato, que em 1958 publicou o primeiro livro do gênero no Brasil: "Soroban pelo Método Moderno". Prof. Kato também fundou a Associação Cultural de Shuzan do Brasil (ACSB), que organiza campeonatos anuais. Origens.As origens primeiras do ábaco remontam a um método de calcular usando sulcos na areia e pequenas pedras. A primeira alteração foi a substituição da areia por uma tábua de argila; a seguir, as contas passaram a ser orientadas por uma haste que as trespassava. O modelo chinês, devido ao sistema de pesos e medidas hexadecimal, possui duas contas na porção superior e cinco na inferior, possibilitando registrar valores de '0' a '15' (sistema hexadecimal), em cada coluna. A primeira adaptação feita no Japão para o sistema decimal foi a retirada de uma das contas superiores. Podia-se escrever desde o '0' até o '10' em cada ordem, totalizando 11 possíveis valores. Como o Japão utiliza o sistema decimal, apesar da diferença de ordens por classe, foi natural que a quinta conta da porção inferior fosse retirada para a obtenção dos 10 valores, dando origem ao soroban moderno. Outra modificação feita ocorreu com o formato das contas. Originalmente redondas ou ovaladas, passaram a um formato lenticular, com secção transversal hexagonal. Esta pequena mudança possibilitou aumentar a velocidade de manipulação e a precisão dos movimentos, já que o volume livre entre cada conta/distância entre a área de contato de uma conta e outra aumentou e o contato do dedo com a conta passou a estar menos sujeito a deslizes. Embora a presença da calculadora eletrônica faça-se notar em tantos lugares hoje em dia (calculadoras de mesa, de bolso, em agendas eletrônicas, em relógios etc.), cada vez mais pessoas têm percebido que o exercício do pensar está sendo relegado a segundo plano, sempre em favor da comodidade de apertar alguns botões e ter a resposta pronta, "de bandeja". De fato, por mais que o ábaco tenha surgido em uma época sem caixas registradoras e controle computadorizado de estoque, seu valor como instrumento de exercício mental, de treino de atenção e concentração, entre outros, não entra em choque nem muito menos é ofuscado pelas máquinas que realizam milhões de cálculos por segundo. É conveniente ressaltar que o uso constante do soroban feito por algumas pessoas tornou possível a competição saudável e esportiva entre seus usuários e os de máquinas de calcular eletrônicas e que essa disputa já tem permitido que os usuários do soroban a vençam. Por ser o soroban um meio em que os valores podem ser modificados tão facilmente quanto são registrados, ganha-se tempo nas operações, evitando-se ter de armar a conta antes de realizá-la. Soroban e pessoas com deficiência visual.
Essencialmente, a estrutura e o funcionamento do soroban adaptado para pessoas com deficiência visual não diferem do soroban moderno usado por videntes. As duas únicas mudanças operadas dizem respeito ao deslizamento das contas e às referências utilizadas. A leitura dos valores no soroban adaptado é feita da mesma forma que em braile: pelo tato. Por isso as contas não podem deslizar livremente, como no soroban convencional. Para contornar este problema, o soroban deve contar com um dispositivo que mantenha as contas em determinada posição:
Ainda que haja à venda calculadoras sonoras falantes, a prática de cálculos com o soroban supre a falta de instrumentos à mão, pois permite, com o tempo, que o praticante desenvolva habilidades de cálculo mental, ou seja, começa-se a efetuar os cálculos sem o apoio físico do instrumento. Colocação e leitura de números.
O Soroban é composto de diversas colunas, cada uma representando uma unidade, dezena, centena, etc. Cada coluna, por sua vez, contém duas partes: uma em cima e outra embaixo. As peças da parte de cima se chamam godamas porque go significa cinco e as peças da parte de baixo se chamam ichidamas porque ichi significa um. Dama significa peça. A coluna das unidades, independente da classe (unidade, milhar, milhão), será sempre uma das colunas com um ponto de referência sobre a barra central (primeira coluna à esquerda, no soroban adaptado). A escolha do ponto de referência a ser usado é livre, mas dependendo às vezes de quantas casas decimais ocupará a resposta (unidade, dezena, centena, milhar etc.). O número '1', por exemplo, é registrado movendo-se uma conta inferior para junto da barra central, logo abaixo do ponto; o número '2', duas contas; o '3', três contas; o '4', quatro contas. O número '5' é registrado movendo-se apenas a conta superior para junto da barra central. Os números de '6' a '9' são compostos pelas contas inferiores e superiores, ou seja, move-se a conta superior e seu complemento em contas inferiores. Por exemplo, o 5 é feito com apenas uma conta na parte superior (5), o 6 com a combinação de uma conta na parte superior (5) e uma na inferior (1 unidade), o 7 com uma conta na parte superior (5) e duas na inferior (2 unidades), o 10 com duas contas na parte superior (5.5), o 11 com duas contas na parte superior (5.5) e uma na inferior (1 unidade), etc. As demais ordens (dezena, centena, unidade de milhar etc.) são registradas à esquerda, como na escrita indo-arábica. Se não houver contas encostadas na barra central (hari), que separa as duas porções, diz-se que o soroban está zerado. Nomenclatura.As partes que compõem o soroban:
Conclusão.Ainda hoje o Soroban é utilizado no Japão, em vez de uma calculadora, por diversos profissionais. Depois de dominada a técnica Shuzan, seu uso pode ser tão rápido quanto o de uma calculadora. Toda criança japonesa estuda seu uso dos 5 aos 8 anos. Pessoas com deficiência visual que passam por ensino especializado a utilizam em todo o mundo.
Fonte: http://www.bengalalegal.com/soroban |