O que é o projeto político-pedagógico (PPP)
Toda escola tem objetivos que deseja alcançar, metas a cumprir e sonhos a realizar. O conjunto dessas aspirações, bem como os meios para concretizá-las, é o que dá forma e vida ao chamado projeto político-pedagógico - o famoso PPP. Se você prestar atenção, as próprias palavras que compõem o nome do documento dizem muito sobre ele:
- É projeto porque reúne propostas de ação concreta a executar durante determinado período de tempo.
- É político por considerar a escola como um espaço de formação de cidadãos conscientes, responsáveis e críticos, que atuarão individual e coletivamente na sociedade, modificando os rumos que ela vai seguir.
- É pedagógico porque define e organiza as atividades e os projetos educativos necessários ao processo de ensino e aprendizagem.
Ao juntar as três dimensões, o PPP ganha a força de um guia - aquele que indica a direção a seguir não apenas para gestores e professores mas também funcionários, alunos e famílias. Ele precisa ser completo o suficiente para não deixar dúvidas sobre essa rota e flexível o bastante para se adaptar às necessidades de aprendizagem dos alunos. Por isso, dizem os especialistas, a sua elaboração precisa contemplar os seguintes tópicos:
- Missão
- Clientela
- Dados sobre a aprendizagem
- Relação com as famílias
- Recursos
- Diretrizes pedagógicas
- Plano de ação
Por ter tantas informações relevantes, o PPP se configura numa ferramenta de planejamento e avaliação que você e todos os membros das equipes gestora e pedagógica devem consultar a cada tomada de decisão. Portanto, se o projeto de sua escola está engavetado, desatualizado ou inacabado, é hora de mobilizar esforços para resgatá-lo e repensá-lo. "O PPP se torna um documento vivo e eficiente na medida em que serve de parâmetro para discutir referências, experiências e ações de curto, médio e longo prazos", diz Paulo Roberto Padilha, diretor do Instituto Paulo Freire, em São Paulo.
Compartilhar a elaboração é essencial para uma gestão democrática
Infelizmente, muitos gestores veem o PPP como uma mera formalidade a ser cumprida por exigência legal - no caso, pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), de 1996. Essa é uma das razões pelas quais ainda há quem prepare o documento às pressas, sem fazer as pesquisas essenciais para retratar as reais necessidades da escola, ou simplesmente copie um modelo pronto (leia os erros mais comuns).
Na última Conferência Nacional de Educação (Conae), realizada no primeiro semestre deste ano, o projeto políticopedagógico foi um dos temas em destaque. Os debatedores lembraram e reforçaram a ideia de que sua existência é um dos pilares mais fortes na construção de uma gestão democrática. "Por meio dele, o gestor reconhece e concretiza a participação de todos na definição de metas e na implementação de ações. Além disso, a equipe assume a responsabilidade de cumprir os combinados e estar aberta a cobranças", aponta Maria Márcia Sigrist Malavasi, coordenadora do curso de Pedagogia e pesquisadora do Laboratório de Observação e Estudos Descritivos da Faculdade de Educação da Universidade de Campinas (Loed/Unicamp).
Envolver a comunidade nesse trabalho e compartilhar a responsabilidade de definir os rumos da escola é um desafio e tanto. Mas o esforço compensa: com um PPP bem estruturado, a escola ganha uma identidade clara, e a equipe, segurança para tomar decisões. "Mesmo que no começo do processo de discussão poucos participem com opiniões e sugestões, o gestor não deve desanimar. Os primeiros participantes podem agir como multiplicadores e, assim, conquistar mais colaboradores para as próximas revisões do PPP", afirma Celso dos Santos Vasconcellos, educador e responsável pelo Libertad - Centro de Pesquisa, Formação e Assessoria Pedagógica, em São Paulo.
Os erros mais comuns
Alguns descuidos no processo de elaboração do projeto político-pedagógico podem prejudicar sua eficácia e devem ser evitados:
- Comprar modelos prontos ou encomendar o PPP a consultores externos. "Se a própria comunidade escolar não participa da preparação do documento, não cria a ideia de pertencimento", diz Paulo Padilha, do Instituto Paulo Freire.
- Com o passar dos anos, revisitar o arquivo somente para enviá-lo à Secretaria de Educação sem analisar com profundidade as mudanças pelas quais a escola passou e as novas necessidades dos alunos.
- Deixar o PPP guardado em gavetas e em arquivos de computador. Ele deve ser acessível a todos.
- Ignorar os conflitos de ideias que surgem durante os debates. Eles devem ser considerados, e as decisões, votadas democraticamente.
- Confundir o PPP com relatórios de projetos institucionais - portfólios devem constar no documento, mas são apenas uma parte dele.
Reportagem sugerida por 55 leitores: Adriana Primo, Marituba, PA, Ailton da Silva, Maceió, AL, Alda Ramos, Serra Talhada, PE, Aline Monteiro, Salinópolis, PA, Ana Maria Dantas, Monte Santo, SP, Angelita de Barros Jucá, Palmeira dos Índios, AL, Antonio Renato de Sales Mendes, Guaraciaba do Norte, CE, Cícera Maria Mamede Santos, Barbalha, CE, Edjane da Silva Oliveira, Umburanas, BA, Edna Limbarino Lopes Silva, Eunápolis, BA, Ely Alves Miguel, Juara, MT, Elza Maria Tavares de Mello, Rio de Janeiro, RJ, Emanuella do Vale, Feira de Santana, BA, Fabiana Molina Alves, Osasco, SP, Fabio Renato Manzoli, Pradópolis, SP, Fátima Santos de Souza, Itu, SP, Francisca da Silva Batista, Carrapateira, PB, Francisca Oliveira, São Francisco, PB, Francisco de Assis da Silva Carias, Araçoiaba, CE, Francisco Ivo da Silva, Pacoti, CE, Gercie Oliveira Castro, Trairi, CE, Iléia Nunes de Sousa, Morro do Chapéu, BA, Ilzany da Rocha Oliveira, Lavandeira, TO, Ires Joane R. L. Oliveira, Xinguara, PA, Janete Aparecida de Pinho Moraes, Sardoá, MG, José João Mariano de Moura, Codajás, AM, Josué de Sousa, Fortaleza, CE, Jussara de J. Ferreira, Monte Aprazível, SP, Jussara Maria Araujo Silva, Governador Valadares, MG, Leila Santana, Wagner, BA, Lucilena Nunes de Araujo, Unaí, MG, Luciomar Domingas de Souza, São Paulo, SP, Luiza de Cássia Reis Souza, Araruam, RJ, Luiza R. Amaral, Brasiléia, AC, Maria Aparecida Procópio Souza, Montes Claros, MG, Márcia Oliveira Pinto, Itapipoca, CE, Márcio Roberto Ferreira Costa, São Luís, MA, Maria Rosimary Dionisio Santana de Sousa, Crato, CE, Marília Luísa dos Santos Müller, Passo do Sobrado, RS, Michel Candeira Ramos, Magalhães de Almeida, MA, Neudeni Sanine Alves, Botucatu, SP, Raphaelle Leandro Marinho, Camacan, BA, Rita Elisabeth Lima de Carvalho, Pesqueira, PE, Roberta Almeida da Silva, Antonio Olinto, PR, Rosangela Amaral Carvalho, Utinga, BA, Roseli de Paula Souza, Poços de Caldas, MG, Rosimeire Alves Magalhães, Vila Pitinga, AM, Sheila Reis, Rio de Janeiro, RJ, Silvania Gomes Silva, Várzea da Roça, BA, Simone Terezinha Feldhaus de Souza, Lages, SC, Simone Simões, Vespasiano, MG, Sonara Liana Martins Oliveira, Planaltina, DF, Tânia Aparecida Casavechia, Nova Andradina, MT, Valdesia Rodrigues Melo Farias, São Brás, AL, Valquiria Miguel Luchezi, São Paulo, SP
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BIBLIOGRAFIA
Planejamento Dialógico: Como Construir o Projeto Político-Pedagógico da Escola, Paulo Roberto Padilha,
160 págs., Ed. Cortez, tel. (11) 3611-9616, 28 reais
Planejamento: Projeto de Ensino-Aprendizagem e Projeto Político-Pedagógico, Celso dos Santos Vasconcellos, 208 pág., Ed. Libertad, tel. (11) 5062-8515, 40 reais
Projeto Político-Pedagógico: Construção e Implementação na Escola, Cássia Ravena Mulin de Assis Medel, 128 págs., Ed. Autores Associados, tel. (19) 3249-2800, 29 reais
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